Desafios Financeiros da ANM e Seus Efeitos
A Agência Nacional de Mineração (ANM) divulgou, nesta sexta-feira (17), que enfrenta uma grave crise financeira, impossibilitando a fiscalização de atividades no setor mineral, incluindo as barragens. A falta de recursos também afeta o recolhimento e a distribuição de royalties, fundamentais para a economia de diversas cidades de minas gerais. Além disso, a ANM alerta que não conseguirá manter a sede em Belo Horizonte.
Em um ofício enviado aos ministérios encarregados da execução orçamentária do governo federal, a ANM expressa sua preocupação, revelando que possui cerca de R$ 6 milhões bloqueados e uma dívida superior a R$ 3 milhões. A situação se agrava com a impossibilidade de realizar ações emergenciais, refletindo diretamente na meta de vistorias, que já foi reduzida, resultando na exclusão de 17 ações de fiscalização do planejamento inicial. Além disso, a análise de novos processos minerários será suspensa, intensificando as incertezas no setor.
Leia também: Papa Leão XIV Abençoa Minas Gerais em Encontro Especial no Vaticano
Leia também: Educação em Boa Vista: Prestação de Contas do 2º Quadrimestre de 2025
Fonte: odiariodorio.com.br
Impactos na Arrecadação e na Economia Municipal
A situação crítica da ANM não afeta apenas a agência, mas traz repercussões financeiras consideráveis para os municípios. A interrupção da fiscalização do recolhimento de royalties da mineração pode resultar em uma perda de R$ 900 milhões até o final do ano, segundo a própria agência. A Associação Brasileira de Municípios Mineradores (Amig) está em alerta, temendo que a paralisia da fiscalização comprometa ainda mais as receitas municipais.
Marco Antônio Lage, presidente da Amig e prefeito de Itabira, destaca a importância da ANM na arrecadação de royalties. “Os municípios enfrentam queda de receita, uma vez que a ANM é responsável pela fiscalização e pelo recolhimento dos royalties. Com a suspensão das atividades, a economia das cidades fica gravemente ameaçada. A Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cefem) é um suporte vital para muitos municípios mineradores que carecem de outras fontes de recursos”, afirmou.
Leia também: Aprimoramento das Ações de Saúde Mental na Atenção Primária em Santa Catarina
Fonte: amapainforma.com.br
Situação de Barragens em Minas Gerais
Atualmente, existem 327 barragens de mineração registradas pela ANM em Minas Gerais. Dessas, cinco estão categorizadas no nível 2 de emergência, indicando instabilidade em suas estruturas. Entre elas, quatro pertencem à Vale, localizadas em Ouro Preto, além de uma da Emicon Mineração, em Brumadinho. A situação mais preocupante é da barragem Serra Azul, da Arcelor Mittal, em Itatiaiuçu, que está no nível 3 de emergência, o mais grave.
O professor Daniel Neri, do Instituto Federal de Minas Gerais, expressa sua preocupação com a diminuição da fiscalização no setor, especialmente em um estado que já vivenciou tragédias como os rompimentos das barragens em Mariana, em 2015, e em Brumadinho, em 2019. “É fundamental fortalecer a ANM, eliminar as falhas na gestão e garantir condições adequadas para os servidores públicos que atuam na fiscalização”, defendeu.
Neri também alertou sobre a necessidade de atenção redobrada com a chegada do período chuvoso. “A ausência de fiscalização sobre essas estruturas é um risco inaceitável e pode trazer consequências devastadoras”, concluiu.
A situação da ANM, portanto, não é apenas uma questão administrativa, mas um tema que envolve a segurança de milhares de vidas e a saúde econômica de municípios inteiros. O futuro da fiscalização e a integridade das barragens são questões que precisam ser urgentemente discutidas e resolvidas.
