Avanços na Germinação da Macaúba
Um novo panorama para a produção sustentável de biocombustíveis se desenha em Minas Gerais, graças a uma tecnologia inovadora desenvolvida pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Após mais de 15 anos de pesquisa, a equipe do Laboratório de Reprodução Vegetal anunciou um protocolo que reduz drasticamente o tempo de germinação das sementes de macaúba, de dois anos para apenas duas semanas. Essa revolução permitirá uma produção em larga escala e a recuperação de áreas degradadas.
A pesquisa conta com o apoio do Governo de Minas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), e busca potencializar o uso do óleo vegetal extraído da macaúba como uma alternativa viável ao combustível fóssil. O projeto é coordenado pelo professor Leonardo Ribeiro, que explica: “Nosso grupo estuda tecnologias que favorecem a germinação e a produção de mudas em grande escala, possibilitando a expansão da cultura que interessa tanto a empresas quanto à iniciativa pública”.
Impacto Econômico e Inovações
Além do avanço científico, um dos resultados mais significativos dessa pesquisa foi a transferência da patente referente aos protocolos de germinação para a Acelen Energia Renovável. O acordo, que envolve investimentos bilionários, gera aproximadamente 90 empregos diretos na região e viabilizou a instalação, em Montes Claros, do maior centro de inovação voltado para pesquisas sobre a macaúba no mundo.
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Bruno Araújo, secretário executivo de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, ressalta a importância desse projeto: “O coco macaúba já era uma fonte de renda para muitas famílias no Norte de Minas. Contudo, ainda havia muito a ser explorado em relação ao potencial econômico dessa planta. Hoje, estamos desvendando isso graças aos investimentos em ciência e tecnologia, que trazem desenvolvimento para a população local”.
Superando Desafios do Cultivo Comercial
A equipe da Unimontes descobriu que a macaúba apresenta um mecanismo natural de dormência, que retarda a germinação das sementes, limitando o cultivo comercial. Normalmente, apenas cerca de 10% das sementes germinavam em até dois anos. Com o novo protocolo, essa barreira foi superada, permitindo a produção de mudas em escala. Túlio Oliveira, bolsista de pós-doutorado pela Fapemig envolvido no projeto, afirma: “Essa palmeira é uma das mais oleaginosas conhecidas. Nossa pesquisa busca entender os aspectos reprodutivos da macaúba, essenciais para a geração de tecnologias eficazes”.
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Fonte: vitoriadabahia.com.br
Licenciamento e Perspectivas Futuras
A patente, registrada em 2013 com o apoio da Fapemig e concedida em 2018, foi licenciada para a Acelen em 2023. O acordo prevê o pagamento de royalties à Unimontes e já mobilizou investimentos superiores a R$ 300 milhões. O plano da empresa estima que até R$ 3 bilhões serão aplicados em plantios e unidades de beneficiamento, consolidando a macaúba como uma matéria-prima estratégica na produção de bioquerosene para aviação.
Com a instalação do polo tecnológico em Montes Claros, a previsão é de que a tecnologia possibilite a produção de até 10 milhões de mudas anualmente, com a meta de implantar entre 100 mil e 200 mil hectares de cultivo. “Estamos satisfeitos em ver que as pesquisas que desenvolvemos aqui são úteis para impulsionar o desenvolvimento da região, proporcionando emprego e geração de renda para a população do Norte de Minas”, celebra Leonardo Ribeiro.
