Avanços nas Investigações do Caso de Alice Martins
As investigações sobre o brutal espancamento que culminou na morte de Alice Martins Alves, de 33 anos, na Savassi, região Centro-Sul de Belo Horizonte, estão em plena evolução. A confirmação foi dada à reportagem pela irmã da vítima, Gabrielle Martins, na tarde da última quarta-feira, após uma reunião com os investigadores responsáveis pelo caso.
Alice foi violentamente atacada na madrugada do dia 23 de outubro e acabou falecendo no último domingo, 9 de novembro, quatro dias após ter registrado a ocorrência do crime. Desde o momento das agressões, a família de Alice enfrenta dificuldades em obter informações sobre possíveis suspeitos ou uma explicação clara do que ocorreu naquela trágica madrugada.
Na manhã da quarta-feira, Edson Alves Pereira, pai de Alice, relatou ter sido contatado por um investigador do Núcleo Especializado de Investigação de Feminicídios da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), mas não recebeu atualizações significativas. Edson ainda mencionou que antes de sua filha fazer o boletim de ocorrência, tentou entrar em contato com o Disque Denúncia pelo número 181, onde foi bem atendido, porém não obteve retorno sobre o caso.
Diante da falta de informações, o pai de Alice decidiu contratar um advogado para acompanhar de perto as investigações. Durante o sepultamento da filha, na segunda-feira, 10 de novembro, Edson revelou que esteve no local onde ocorreu o crime em busca de imagens de câmeras de segurança, mas não teve apoio para isso.
Seu desabafo expressou a tristeza e indignação pela perda da filha, com quem dividia a casa e considerava uma grande amiga. Em suas palavras, ele descreveu a brutalidade do ataque: “Três homens estavam à espera dela. Agrediram-na violentamente, quebrando o nariz e várias costelas, além de pisotearem suas pernas, que ficaram roxas. O Samu chegou a prestar socorro, mas não realizaram exames, como radiografias ou tomografias, após seu encaminhamento à UPA Centro-Sul. Ela chamou um Uber e foi para casa”, relatou Edson.
Na tarde da mesma quarta-feira, Gabrielle Martins esteve no Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), buscando informações sobre o inquérito. Após a reunião, ela conversou com a reportagem do Estado de Minas e, aliviada, confirmou que as investigações estão progredindo.
Detalhes do Ataque
O ataque a Alice ocorreu na madrugada do dia 23 de outubro, enquanto ela estava em uma pastelaria localizada na esquina entre as avenidas Contorno e Getúlio Vargas. Em um momento, a vítima atravessou a rua para solicitar um carro de aplicativo. No entanto, antes que chegasse, Alice foi surpreendida por três homens que a agrediram. O boletim de ocorrência relata que um dos agressores iniciou a violência enquanto os outros dois riam da situação.
Alice afirmou que não conhecia nenhum dos homens envolvidos. De acordo com seu relato à polícia, o agressor que a espancou era alto, branco, com cabelos castanhos escuros ou pretos e estava vestido com calça jeans e blusa preta. Após a agressão, ela perdeu a consciência e foi resgatada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Inicialmente, Alice foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento Centro-Sul. No dia seguinte, Edson foi até o quarto da filha e a encontrou dizendo: “Pai, olha o que fizeram comigo”. Dez dias depois, em 2 de novembro, ela precisou ser transferida para o Pronto Atendimento da Unimed Contagem, onde exames revelaram fraturas nas costelas, cortes no nariz e desvio de septo. Segundo o pai, ela passou os dias subsequentes debilitada e sofrendo com dores abdominais intensas.
No sábado, 8 de novembro, os médicos diagnosticaram uma perfuração intestinal, que pode ter sido causada por uma das costelas quebradas ou, conforme a suspeita do pai, agravada pelo uso de anti-inflamatórios após a agressão. Alice foi submetida a uma cirurgia de emergência, mas não sobreviveu à infecção generalizada. “Após voltar para casa, foi uma luta constante. Ela começou a vomitar, não conseguia se alimentar e perdeu 13 quilos. Estava muito fraca e com dores”, afirmou Edson.
Jonathan Oliveira, proprietário do John John Bar, que fica próximo ao local do ataque, lamentou a violência. Ele informou que, apesar do bar ter funcionado até a 1h da manhã, nenhum de seus funcionários testemunhou o ocorrido. Para ele, a Savassi deveria ser um espaço seguro, onde a diversidade é celebrada.
Câmeras de Segurança
A área onde Alice foi agredida conta com vários imóveis equipados com câmeras de segurança, mas apenas seis delas estavam operacionais. Na tarde da quarta-feira, a equipe do Estado de Minas esteve no local e comerciantes comentaram que investigadores da PCMG estiveram lá nas datas 10 e 11 de novembro. Contudo, muitos acreditam que as câmeras, devido aos ângulos restritos, não conseguirão capturar informações relevantes do ataque.
Um dos proprietários de um estabelecimento, que preferiu não se identificar, declarou que havia sido contatado pela polícia, mas até o início da noite da quarta-feira, os investigadores ainda não haviam retornado para coletar as imagens. Já em outra loja, os funcionários informaram que as gravações ficam disponíveis apenas por dez dias.
