A Sombra da Mentira: Um Romance que Desvela Hipocrisias
Durante suas rotineiras viagens de ônibus em Ipatinga, o contador Rodrigo Sena Magalhães encontrou a inspiração necessária para sua estreia na literatura com o romance policial “A sombra da mentira”. Recentemente lançado pela editora Patuá, a obra traz à tona temas como adultério, moralismo religioso e preconceitos disfarçados, frequentemente ouvidos por Rodrigo nas conversas cotidianas entre os passageiros.
“Ouvi muitas histórias sobre traições cometidas por patrões”, recorda Rodrigo. Ele menciona um caso em que uma mulher confidenciou a uma amiga que sua patroa, uma senhora de alta sociedade e profundamente religiosa, mantinha um caso com jovens. “Isso revela um comportamento que contradiz a imagem que ela projeta na sociedade. Decidi, então, escrever sobre essas máscaras que encobrem as hipocrisias das pessoas”, explica o autor.
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No enredo de “A sombra da mentira”, ninguém escapa das contradições. Ambientado em Belo Horizonte, a narrativa segue a jornalista Olga A., que se vê envolvida em um mistério aterrador: a conexão com um serial killer após criticar a ineficácia das investigações sobre uma série de assassinatos de mulheres na cidade.
Uma Investigação Perigosa
Olga faz uma descoberta crucial ao relacionar os crimes a um único assassino, algo que a imprensa não havia feito e que a polícia se recusava a confirmar. O padrão se repete: mulheres de classe alta são assassinadas com um tiro à queima-roupa na têmpora, e a bala, de calibre 22, é banhada em prata. Após os crimes, as vítimas têm seus rostos maquiados e suas alianças roubadas.
Um ponto polêmico da obra é a abordagem de Olga ao chamar o assassino de “Matador de Madames”, o que acaba promovendo uma onda de sensacionalismo. A repercussão nos programas de televisão leva a polícia a se pronunciar sobre o caso, e a atenção do público só aumenta. “Essa escolha de palavras levanta questões sobre a responsabilidade dos jornalistas”, reflete Rodrigo.
O criminoso, por sua vez, começa a se comunicar com Olga, enviando cartas que revelam suas motivações: “Para matar os monstros, bala de prata. Para esconder a verdade, maquiagem”, escreve. Em um dos seus recados, o assassino antecipa a próxima vítima e, em troca da promessa de encerrar a matança, pede que Olga deixe o jornal e escreva sua biografia.
Explorando o Lado Sombrio da Psique Humana
Enquanto isso, a investigadora Alice Cavalcanti da polícia luta contra o tempo para impedir novos assassinatos. Rodrigo Sena Magalhães revela que se inspirou nas teorias de arquétipos de Jung para moldar seu vilão, um ser perturbado cuja infância cheia de traumas o tornou uma figura complexa. “Todos os grandes vilões, como Hannibal Lecter, por exemplo, têm dificuldades em aceitar sua verdadeira natureza”, ressalta o autor.
Assim, “A sombra da mentira” se alinha com os romances noir clássicos, imersos em intrigas, ciúmes e jogos de poder. Rodrigo explora as nuances da condição humana, criando personagens que, cada um à sua maneira, fazem ecoar as falsidades que permeiam a moral coletiva.
