Ambientalistas Demandam Ampliação do Parque Estadual da Baleia em BH

Importância da Mata da Baleia para a biodiversidade

Na última quarta-feira, 22 de outubro de 2025, ambientalistas se reuniram com a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para exigir a ampliação do Parque Estadual da Baleia, localizado em Belo Horizonte. O foco da discussão foi a incorporação da Mata da Baleia, situada nos arredores do Hospital da Baleia, a esta unidade de conservação.

A Mata da Baleia ocupa um terreno pertencente ao Estado entre os bairros Taquaril e Paraíso, na zona leste da capital mineira. A deputada Beatriz Cerqueira (PT), que solicitou a audiência, ressaltou a relevância da região para a proteção de aquíferos e a preservação de espécies endêmicas ameaçadas. ‘Essa mata desempenha um papel crucial no equilíbrio ambiental’, afirmou Cerqueira durante a reunião.

Importante lembrar que, em 1932, foi criado o Jardim Botânico da Fazenda da Baleia, a primeira unidade de conservação de Belo Horizonte. Em 1988, essa área deu origem ao Parque Estadual da Baleia, que preservou a parte mais alta da Serra do Curral, porém deixou grande parte da mata ao longo do Córrego Navio Baleia de fora.

Pesquisadores e ambientalistas fazem um apelo pela conservação da Mata da Baleia, que abriga vegetação da Mata Atlântica e espécies ameaçadas, como o lobo-guará, o jacu, o quati e o esquilo. A bióloga Marina Peres Portugal destacou que a manutenção dessa biodiversidade está diretamente ligada à proteção da área.

Corredor Verde e Desafios de Conservação

O Córrego Navio Baleia é um dos últimos cursos d’água não canalizados em Belo Horizonte, conforme explicou a geógrafa Márcia Rodrigues Marques. Ela enfatizou que tanto a mata quanto o Parque da Baleia formam um grande corredor verde em torno da Serra do Curral, essencial para garantir a preservação dos recursos hídricos e a qualidade do ar na cidade.

‘É um cenário magnífico, mas enfrenta a pressão de atividades mineradoras em uma área rica em minério de ferro’, afirmou Márcia. Além disso, o mercado imobiliário exerce uma forte pressão sobre a região, complicando ainda mais a situação.

Embora a Mata da Baleia já seja protegida por diversas normas, Márcia observou que nenhuma delas assegura efetivamente a proteção da vegetação. Ela mencionou que, em 2023, a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) solicitou ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) a redução da área de amortecimento do Parque da Baleia, o que poderia agravar os riscos de degradação.

Incêndios e Compromissos do Hospital da Baleia

A situação da Mata da Baleia se torna ainda mais crítica com a ameaça de incêndios florestais. No início de outubro, um incêndio de três dias devastou parte da vegetação, obrigando o Hospital da Baleia a suspender atendimentos devido à fumaça. A superintendente jurídica do hospital, Lilian Katiusca Melo Nogueira, afirmou que a instituição está comprometida com a preservação da mata e busca regularizar sua situação fundiária para definir os limites da unidade de conservação. ‘Estamos abertos a colaborar na regularização e ampliar as medidas de proteção da Mata da Baleia’, garantiu.

Atrasos no Plano de Manejo

O Instituto Estadual de Florestas (IEF), que gerencia o Parque da Baleia, manifestou apoio à incorporação da Mata da Baleia, mas as negociações estão estagnadas devido à não conclusão do plano de manejo do parque. Letícia Horta Vilas Boas, diretora de Áreas Protegidas do IEF, explicou que a elaboração do plano requer estudos de fauna e flora, além de uma consulta à comunidade quilombola Manzo Ngunzo Kaiango, que utiliza a mata para seus rituais religiosos.

A deputada Beatriz Cerqueira criticou a demora na aprovação do plano, destacando que, nos últimos sete anos, o Governo do Estado não criou nem ampliou nenhuma unidade de conservação ambiental. Ao final da reunião, ela anunciou que realizará uma visita técnica à Mata da Baleia e elaborará um projeto de lei para garantir a incorporação da área ao parque estadual.